Resumo
O mundo do trabalho está passando por diversas mudanças, destacando-se aqui a
impulsionada pelos anseios da sociedade que não mais coaduna com modelos organizacionais onde o crescimento econômico se dá às custas da exploração de
recursos naturais de forma desmedida e sem a devida valorização dos stakeholders. Este cenário de transformações demanda um novo posicionamento das empresas que buscam migrar para uma cultura organizacional sustentável, mais aderente as
demandas sociais. Tendo como premissa a sustentabilidade como forma de gestão,
o presente estudo identificou as Empresas B, que passam por um processo de
certificação conferido pelo B-Lab (órgão certificador norte americano), que envolve a análise do impacto socioambiental da organização em cinco áreas: Governança,
Trabalhadores, Meio Ambiente, Comunidade e Clientes. As Empresas B têm como
missão mudar a lógica vigente nas organizações, usando a força dos negócios a fim
de ser o melhor para o mundo, e não o melhor do mundo. Assim, a presente pesquisa dedicou-se a analisar, por meio de entrevistas com líderes de empresas B, se a certificação pode se configurar como forma de legitimação de uma cultura
organizacional sustentável. Para analisar o processo de certificação, a pesquisa
utilizou como embasamento o Modelo de Legitimação proposto por Johnson, Dowd e Ridgeway (2006), que propõe quatro etapas para legitimar um novo objeto social (Inovação, Validação, Difusão e Consenso). Cada uma das etapas foi considerada na pesquisa, iniciando pela Inovação, que procurou avaliar as motivações dos líderes das empresas para buscar a certificação como empresa B; a segunda fase foi a Validação, que teve como objetivo entender de que forma os atores locais e os stakeholders foram considerados no processo de certificação; a terceira foi a etapa da Difusão, que visou entender quais foram as ações adotadas para criar envolvimento coletivo, de modo a permitir que a nova prática fosse assimilada por toda a organização; e, por último, a fase de Consenso, que visou avaliar se a nova prática tornou-se parte de uma cultura ampla e aceita por todos. Este estudo permitiu identificar que a certificação como empresa B por si só não legitima uma cultura sustentável, embora seja possível encontrar forte relação entre a certificação e o processo de legitimação de uma cultura sustentável, principalmente nas fases de Inovação e Validação. Na fase de Difusão, evidenciou-se que poucos elementos apresentados demonstraram consistência em práticas sistemáticas para gerar a conexão interna e o engajamento às questões da certificação. Ao analisar cada uma das etapas e de que forma a certificação como Empresa B pode legitimar uma cultura sustentável, foram encontrados subsídios e formuladas propostas para apoiar as organizações na transformação de suas culturas, tornando-as mais sustentáveis.