Resumo
O saneamento básico oferece serviços vitais para as pessoas. Desenvolver práticas de saneamento básico auxiliam na promoção da saúde pública. Contudo, uma análise objetiva dessa relação, em nível municipal, no Brasil, ainda é incipiente. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi investigar, por meio de indicadores, a relação entre a disponibilidade dos serviços de saneamento básico associados com água e esgoto e a promoção da saúde pública nos municípios brasileiros. Para tanto, estabeleceram-se os seguintes objetivos específicos: estruturar um banco de dados que integre indicadores vinculados com saneamento básico e com saúde pública por município brasileiro; caracterizar a distribuição da população brasileira no território de acordo com a divisão regional proposta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; diagnosticar o atendimento dos municípios brasileiros com serviços de saneamento básico associados com distribuição de água potável, com coleta de esgoto e com coleta e tratamento de esgoto; diagnosticar as ocorrências de internações hospitalares motivadas por doenças de veiculação hídrica nos municípios brasileiros; e relacionar as condições de atendimento dos municípios brasileiros com serviços de saneamento básico associados com água e esgoto e as ocorrências de internações hospitalares motivadas por doenças de veiculação hídrica. Inicialmente, coletaram-se dados de saneamento básico a partir do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento e dados de saúde disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil, referentes ao ano de 2017. Esses dados foram consolidados em uma base de dados integrada, de onde foram extraídos e calculados indicadores municipais relacionados à cobertura por rede de água, coleta de esgoto, tratamento de esgoto e número de internações causadas por doenças de veiculação hídrica. A análise dos dados foi realizada por meio de técnicas estatísticas e de geoprocessamento. Os resultados da cobertura por rede de água indicaram que a região Norte apresentou o menor índice de cobertura, com 57,5%, e as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul apresentaram médias superiores a 74,0%. Os resultados associados com cobertura por coleta de esgoto indicam que a região Sudeste apresentou média de 71,00%, enquanto a região Norte apresentou índice de cobertura média de 24,41%. Com relação ao tratamento de esgoto, as regiões Centro-Oeste (41,61%), Sudeste (42,39%) e Sul (39,36%) apresentaram coberturas aproximadas, e as regiões Nordeste (19,21%) e Norte (19,94%) registraram os índices mais baixos. Com
relação ao número de internações causadas por doenças de veiculação hídrica, as
regiões Nordeste (0,32%) e Norte (0,29%) foram aquelas que apresentaram maior
proporção, seguidas pelas regiões Centro-Oeste (0,22%) e Sul (0,21%), sendo que a Sudeste (0,11%) apresentou a menor proporção. A relação entre a cobertura de água e a internação, além de ser estatisticamente significativa (p < 0,05), também se mostrou muito forte (r = -0,91), indicando, que conforme a cobertura de rede de água aumenta, o número de internações tende a diminuir. A relação entre a coleta de esgoto e a internação também se apresentaram estatisticamente significativa (p < 0,05) e muito forte (r = -0,96), indicando que conforme a rede coleta de esgoto aumenta, o número de internações tende a diminuir. A relação entre o tratamento de esgoto e a internação mantém-se estatisticamente significativa (p < 0,05) e muito forte (r = -0,91), indicando assim que conforme o tratamento de esgoto aumenta, o número de internações tende a diminuir. As principais contribuições deste trabalho foram: abordar as relações em epígrafe em nível municipal, incluindo uma abordagem de distribuição territorial por meio de mapas; criar um banco de dados integrado contendo dados de saneamento básico e saúde e propor dois novos indicadores para avaliação das relações aqui propostas.
